terça-feira, julho 26, 2011

A expectativa pelo novo álbum do YES consumia os fãs da banda desde o
anúncio de que um novo material inédito seria lançado. Depois de 10 anos sem
um disco de estúdio e imersos em polêmicas que resultaram nas saídas do
vocalista Jon Anderson e do tecladista Rick Wakeman, tudo parecia apontar
para um disco distante do melhor que o YES pode produzir.

Para compensar a desconfiança, Chris Squire, Steve Howe e Alan White
buscaram a participação do tecladista Geoff Downes e do produtor Trevor
Horn, ex-membros do BUGGLES e que já tinham participado do YES no disco
"Drama" de 1980. Os convites visavam dar uma mostra do que se pretendia com
o novo album; era uma declaração de que a sonoridade moderna, mas também
complexa daquele trabalho era a proposta da banda.
O posto de vocalista foi preenchido pelo canadense Benoit David, que já fora
aprovado pelos fãs na última turnê mundial. Com a oportunidade de atuar em
canções inéditas, David pôde buscar um timbre próprio, afastando-se, mas não
muito, da sonoridade consagrada por Jon Anderson em mais de 40 anos.

O resultado é um disco belo e intimista. Os solos de teclado, característica
de Rick Wakeman, foram deixados de lado pelos climas sensíveis criados por
Downess. O baixo de Squire está mais contido, mais discreto. A bateria de
Alan White se mantém simples por quase todo o tempo. Já as cordas de Steve
Howe encontram nas teclas de Downess uma parceria tão perfeita que por vezes
parecem ser um único instrumento. A banda soa como um conjunto e não como
uma reunião de individualidades competindo entre si, como acontecia em
alguns discos da década de 90.

Essa unidade fica mais evidente na bela suíte que abre o disco. "We can fly"
é uma antiga composição da banda que não fora incluída no "Drama". Estendida
e aprimorada, ela é prova de que o YES ainda tem muito para oferecer para
seus fãs. Ouvi-la inteira, suas seis faixas, é um prazer. O clímax é a parte
"Sad Night at the Airfield", uma faixa de fazer chorar qualquer fã das
antigas.

Além da suíte de abertura, o disco contém a boa voz de Squire em "The Man
You Always Wanted Me to Be" e a belíssima "Life on a Film Set", uma canção
do BUGGLES originalmente chamada "Riding a Tide". Howe se mostra um
competente compositor de letras em "Hour of Need", faixa que conta com a
participação de Oliver Wakeman, filho de Rick. A enérgica "Into the Storm"
fecha o álbum em uma celebração da vitória sobre a tempestade que foram os
últimos anos do YES.

O disco certamente agradará os fãs que tenham a mente aberta para acompanhar
uma banda que chega aos 40 anos sem se tornar um cover de si mesmo. Além
disso, tem qualidade e beleza suficientes para reunir novos fãs, mesmo entre
as gerações mais novas. "Fly from Here" é um disco elegante e digno do nome
e da história do YES.

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